Adaptada por: Jonas melo
PERSONAGENS
FELIPE -> ________________
NATÁLIA -> _________________
CORNÉLIO -> _______________
CHIFRONÉSIA -> _____________________
AMANDA -> ______________________
LEDESMA -> ________________________
BABY -> _______________________
PADRE -> _________________
COROINHA -> __________________
RAPAZE DO CLUBE -> __________________
MOÇAS E RAPAZES -> ___________________
ÉPOCA: ATUAL
CENÁRIO: VARIOS PRÉDIOS NO FUNDO DO PALCO REPRESENTANDO UMA CIDADE GRANDE. NOS PRÉDIOS ESTÃO ACESAS ALGUMAS LUZES DE ALGUNS APARTAMENTOS. ESSE É A ÚNICA PARTE FIXA DO CENÁRIO. O RESTO DO CENÁRIO É MÓVEL. PARA A DANCETERIA DUAS MESAS E QUATRO CADEIRAS DE BAR, UM GLOBO E STROBO.
PARA A PRAÇA DOIS BANCOS DE MADEIRA. PARA A CASA DE CHIFRONÉSIA UM SOFÁ DE DOIS LUGARES. PARA O CLUBE UMA CADEIRA DESSAS QUE FICAM Á BEIRA DA PISCINA, COM GUADA-SOL E TOALHAS DE BANHO. PARA O PONTO DE ONIBUS, UM CAIBRO PINTADO DE VERDE E ESCRITO “POTO DE ÔNIBUS” EM PRETO.
CENA 1
(DANCETERIA. É NOITE, UMA MUSICA ALEGRE E VIBRANTE É OUVIDA NO VOLUME AUTO...FELIPE TA SENTADO NUMA MESINHA, SOZINHO E MEIO ISOLADO, ESTA NUMA FOSSA TREMENDA. DERREPENTE OLHA PARA PISTA E OBSERVA NATALIA, QUE ESTA DANÇANDO NO CENTRO ANIMADISSIMA COM SUA AMIGA AMANDA. NATALIA PERCEBE QUE O RAPAZ ESTA LHE OLHANDO E OLHA TAMBÉM. ELE SORRIR MALICIOSAMENTE E DEPOIS PISCA UM OLHO PRA ELA, ELA FINGE QUE NÃO VIU E COCHICHA COM AAMIGA. FELIPE PEGA UM GUARDANAPO E MANDO UM BILETINHO PRA NATALIA.)
AMANDA – Ô Natália era só o que faltava eu ficar aqui de vela no seu primeiro encontro com aquele carinha...
NATÁLIA – É que eu preciso de segurança, Amanda. Só de pensar naquele menino , começo a me tremer . Olha como minhas mãos estão suadas. (IMPACIENTE) Ah , não quero ficar aqui, não . Vamos embora, vai.
AMANDA – Não já estamos aqui mesmo, agora espera... Mas pensando bem você fica ai e eu já estou indo como eu já disse não quero ficar aqui de vela
NATÀLIA – Então volta lá. Vai curtir a sua festinha concerteza ta mais legal que aqui , vai
AMANDA – tudo bem, eu vou voltar. Mas nunca mais conte comigo, viu, sua grossa! (LEVANTA)
NATÁLIA – (PUXA AMANDA PELO BRAÇO, CONFIDENCIAL) Amanda, você ta mestruada!
AMANDA – (APAVORADA) O que?
NATALIA – É, mas por que esse espanto? Vai dizer que você...
AMANDA – (SEM JEITO) Bem...
NATÁLIA – (ADMIRADA; FALA ALTO) Você nunca ficou mestruada????
(AS PESSOAS QUE ESTÃO LA FORA OLHAM PARA AS MENINAS)
AMANDA – Natália, você não vai contar isso pra ninguém, né?
NATÁLIA – Pode ficar sossegada... Bem, vamos pra minha casa. Não tem ninguém lá, eu lhe explico tudo a respeito da mestruação e te empresto um absorvente. (NATÁLIA TIRA SUA JAQUETA E OFERECE PARA A AMIGA) Põe a jaqueta na cintura pra disfarça e vamos embora, Vai...
AMANDA – Mas e o carinha?
NATÁLIA – Fica pruma próxima. Quando acontecem esses imprevistos, é porque o relacionamento não ia dar certo...
(SAEM. DO LADO OPOSTO SURGE FELIPE. ELE OLHA PARA O RELÓGIO, VERIFICA SE NATÁLIA ESTÁ ALI, ANDA DE UM LADO PARA O OUTRO , VOLTA A OLHAR NO RELÓGIO . SENTA –SE NO BANCO . ESTÁ IMPACIENTE TIRA UM CHICLETE DO BOLSO . MASTIGA UMAS TRES OU QUATRO VEZES E O JOGA NO CHÃO , PISANDO EM CIMA. DEPOIS CAMINHO ATÉ O SEU FOCO, QUE ISOLA)
FELIPE – Que mancada! Eu estava tão ansioso pra ver ela de novo e ela dá esse furo?! Fiquei como um trouxa, um panaca esperando por ela... Queria nunca mais me apaixonar.
Cena 2
(CASA DE CHIFRONÉSIA. ELA ESTÁ VARRENDO A CASA. ESTÁ MAL VESTIDA, COM CREME NO ROSTO, BOBS NO CABELO E CHEIO DE PREGADORES DE ROUPA NO AVENTAL. TOCA A CAMPAINHA. ELA VAI ATENDER. É O ENCONTRO DE BUFÕES. ENTRA CORNÉLIO, UM CAIPIRA. ELE É ALTO MAGRO, CABELO VERMELHO, COM OS DENTES PODRES, PERNAS TORTAS E PEITO-DE-POMBO. USA TAMBÉM UNS ÓCULOS FUNDO DE GARRAFA. ELA SE ASSUSTA)
CHIFRONÉSIA – Quem é o senhor? (ELE PÁRA E FICA OLHANDO PARA ELA) O que é isso? Por que é que o senhor está me olhando dessa maneira?
CORNÉLIO – É que eu to que num quento mai de vontade de casá. A sinhora num qué sê minha marida?
CHIFRONÉSIA – Se o senhor repetir essa bobagem eu chamo a polícia. Fique quieto!
CORNÉLIO – Mai ficá quieto na frente da sinhora eu num guento... se a sinhora para num sinar de trânsito, ninguém mai vai passá...
CHIFRONÉSIA – Por quê?
CORNÉLIO – Ah, o sinar vai ficá vermeio pra tudo os lado, né?
CHIFRONÉSIA – (RI) O senhor é engraçado!
CORNÉLIO – Engraçado é ligá ventilado em piquenique de baiano, né? Só farofa que avoa! ... (CHARMOSO) Sabe que a sinhora é bunitona? Se fosse um porco dava pra fazê uns quinhetos metro de linguiça... ah, dona – muié, casa com eu. Tô tão doido de vontade de casá que inté t ô ficando um bestaião.
CHIFRONÉSIA – Eu não. Vou casar com um moço que é uma jóia... Ele é contador...
CORNÉLIO – Ah, se qué marido pá contá pega eu, né, que que sei conta inté vinte!
CHIFRONÉSIA – Então fugiu da escola!
CORNÉLIO – fugi coisa nenhuma. Só de jardim de infância fiz oito ano.
CHIFRONÉSIA -... E o senhor não tem namorada?
CORNÉLIO – quando tive minha úrtima namorada o corcovado inda era um montinho de areia...
CHIFRONÉSIA – Onde fio que senhor aprendeu tanta bobagem?
CORNÉLIO – Lá na minha casa. A sinhora num qué conhecê minha casa pra vê se serve prá mora lá como minha marida?
CHIFRONÉSIA – Mas o senhor é horrível ! Parece uma bananeira...
CORNÉLIO – A sinhora num qué virá macaca e me estraçaia, dona?
CHIFRONÉSIA – chiii, essa conversa tá engrosando! Acho melhor parar por aqui... E o senhor é um caipira!
CORNÉLIO – Frango também é caipira, né mai ele dá suas bicada.
CHIFRONÉSIA - Chega. O senhor perdeu o seu tempo comigo... Vá embora daqui.
CORNÉLIO – (TRISTE) Num faz mar, puxa vida, num faz mar. Um dia eu acerto e caso Cuma muié que nem que seja de prástico... Eu já tentei com uma. Mas na nossa primeira noite de amor, ela já me decepcionou. Deitei-a de bruço, agarrei e quando dei uma mordida na bunda dela, ela soltou um peido na minha cara e ainda saiu voando pela janela...
CHIFRONÉSIA – (PARA O PÚBLICO) Como é chato ser grossa. (O CAIPRA VAI SAINDO) Espera... (ELE PÁRA) eu aceito me casar com o senhor.
CORNÉLIO – (FELIZ) Iuhh! Num falei? Falam di mim, mai eu num nego fogo!
(PEGA CHIFRONÉSIA NOS BRAÇOS, LIMPA A BOCA COM A MÃO E LHE BEIJA, FAZENDO UM ENORME BARULHO. BLACK – OUT)
CENA 3
(MUSICA DE CASAMENTO: “ CARRUAGENS DE FOGO” . LUZ SOBE EM RESISTENSIA REVELANDO UMA IGREJA. O PADRE ESTÁ NO CENTRO DO PALCO COM UMA BIBLIA NA MÃO. DO SEU LADO ESTÁ O COROINHA OUVINDO JOGO DE FULTEBOL NUM RADINHO DE PILHA. O PADRE, VEZ OU OUTRA PEDE PARA ESCUTAR PARA SABER O RESULTADO DO JOGO. LEDSMA ESTÁ COM AMANDA E NATÁLIA E DORME NO OMBRO DE NATÁLIA. CHIFRONÉSIA ESTÁ Á ESPERA DO NOIVO NO ALTAR, TRAJANDO TERNO E GRAVATA, UM BERMUDÃO DO HAWAI E UM SAPATO DE BOIADEIRO. ELA ESTÁ BRINCANDO COM UM “MINI GAME” . LUZ NA PLATÉIA. CORNÉLIO APARECE NO FUNDO TRAJANDO UM VESTIDO DE NOIVA E SEGURA UM ESPANADOR DE PÓ NO LUGAR DO BUQUÊ DE FLORES. SEUS PASSOS SE ASSEMELHAM AOS DOS ATLETAS NA CORRIDA DE SÃO-SILVESTRE, SÓ QUE ELE REALIZA ESSES MOVIMENTOS EM CÂMERA LENTA. ATRAVESSA A PLATÉIA E SOBE AO PALCO. CHIFRONÉSIA ENTREGA O MINI-GAME A NATÁLIA, QUE CONTINUA O JOGO. O PADRE REALIZA A CERIMÔNIA, FAZ TODAS AS PERGUNTAS NECESSARIOS E APÓS DECLARAR O TRADICIONAL “EU OS DECLARO MARIDO E MULHER” , FICA ATENTO AO RADINHO E GRITA: “GOOOOOOOOOOLLLLLLL” . TODOS SE ASSUSTAM. CORNÉLIO JOGA O ESPANADOR E DUAS MOÇAS DISPUTAM A POSSE DO MESMO. NA SAÍDA, OS CONVIDADOS JOGAM FEIJÃO NOS NOIVOS, QUE SAEM. UMA MÚSICA BREGA É TOCADA E TODOS DANÇAM, FAZENDO CORIOGRAFIAS DE ACORDO COM A MÚSICA BREGA É TOCADA E TODOS DANÇAM, FAZENDO CORIOGRAFIAS DE ACORDO COM A MÚSICA, ATÉ DESAPARECEREM. NATÁLIA COMEÇA A RIR SEM CONTROLE E LEDESMA, QUE TINHA DESABADO NO CHÃO, ACORDA E VAI ATÉ A AMIGA)
LEDESMA – Do que você tá rindo, Natália?
Natália – (RINDO SEM CONTROLE) É muito engraçado, Ledesma. Eu queria ser uma mosca só pra saber como vai ser a noite de núpcias deles. Deve ser a maior comédia...
CENA 4
(LUZ SOBE EM RESISTÊNCIA. NATÁLIA ESTÁ NO CENTRO DO PALCO E CONTINUA RINDO)
NATÁLIA – Deve ser muito engraçado Ledesma.
FELIPE – (DIRIDINDO-SE A LEDESMA) Ô garota, você não viu o... (A GAROTA DESABA NO CHÃO. O RAPAZ FICA SURPRESO AO VER NATÁLIA) Você?
NATÁLIA – Sim, sou eu... (REPETE COMO FELIPE) Você?
FELIPE – Sim sou eu. Pensei que nunca mais fosse te encontrar.
NATÁLIA – Pois é. (O DIALOGO DOS DOIS DEVE SER MONÓTONO, POIS PROCURAM ASSUNTO PARA CONVERSA)
FELIPE – Você foi à praça, né?
NATÁLIA – Pois é. Eu fui, mas uma amiga tava junto comigo e Chico dela chegou...
FELIPE – Chico?
NATÁLIA – (À PARTE) Ih, falei bobagem. (TENTA CONCERTAR) O Chico é o... é o... ah, meu deus... é o ah! É o namorado da minha amiga... Pois é.
FELIPE – O dia está quente, né?
NATÁLIA – Eu acho que vai chover.
FELIPE – Mas não tem nenhuma nuvem carregada no céu...
NATÁLIA – NAUNCA SE SABE... (SILÊNCIO) Você se chama Felipe, não chama?
FELIPE – E você Natália não é?
NATÁLIA – Hum, hum... (SILÊNCIO MORTAL)
FELIPE – Natália (APONTA O CÉU) O que é aquilo?
(NATÁLIA OLHA PARA CIMA E FELIPE DÁ UM BEIJO NA SUA BOCA. Á GOROTA SE ASSUSTA E QUANDO ELA AFASTA SEU LABIOS DOS LABIOS DELE, ELA O AGRRARA E LE BEIJA APAIXONDAMENTE. O RAPAZ CHEGA A FICAR ROXO, VAI PERDENDO O FÔLEGO E SOLTA UM PEIDO BARULHENTO. SE SOLTA DA GAROTA, INCOMODADO)
NATÁLIA – O que foi Felipe?
FELIPE – Natália... peido pesa?
NATÁLIA – (PENSA) Hum... pelas leis da física... deixa eu ver... o peido e constituído de gases. Uns fedem e outros não, uns são barulhentos e outros silenciosos, uns são peidos secos e os outros peidos molhados... acho que só os peidos molhados pesam... por que?
FELIPE – Então eu acho que fiz besteira. Tchau, Natália.
NATÁLIA – Pega o meu telefone!
FELIPE – Não, hoje não. Encontre-me amanhã no clube de campo, na piscina La pelas três da tarde...
NATÁLIA – Eu te espero.
(FELIPE SAI CORRENDO. NATÁLIA CORRE PARA SEU FOCO PULANDO DE ALEGRIA)
NATÁLIA – Eu beijei, beijei. Dei o meu primeiro beijo. Foi o maior beijaço!!!! Coitado do Felipe, até cagou nas causas... (PARA A PLATEIA) sentiram o poder da gostosa aqui?! (SUSPIRA) Pelo menos agora eu sei o que é beija. Não vou precisar ficar mentindo para as minhas amigas... eu sei que ela também nunca beijaram. Que sensação estranha! O beijo até que era bom, quentinho e molhadinho. O que mais me incomodou foi aquela língua assanhada, que quase me deixou engasgada.
CENA 6
(ENTRA CORNÉLIO COM UMA ENORME BARRIGA. ELE ESTÁ SENDO AUXILIADO POR CHIFRONÉSIA, POIS A BARRIGA APARECE ESTÁ PESADISSIMA. ESTÁ COM UM VESTIDO DE GESTANTE E FAZ A RESPIRAÇÃO DE CACHORRINHO. A CABEÇA DA CRIANÇA JÁ APARECE. CHIFRONÉSIA PÕE O MARIDO DEITADO NO CENTRO)
CORNÉLIO – Ai, chifrô, chama argúem PA me ajudá. A borsa estorô e o bacuri já vai nascê.
CHIFRONÉSIA – Calma, meu amor, vou ver se chamo alguém...
CORNÉLIO – Rápido que ta nasceno. Ai, num quento mai.
(ENTRAM AMANDA E LEDESMA)
CHIFRONÉSIA – Ledesma, ajuda que meu filho ta nasendo.
LEDESMA – Mas o que vou fazer. Eu não sou parteira.
CORNÉLIO – Ai, vai nascê.
AMANDA – (ESTRANHA)Ei, chifronésia não pra você ter a criança?
CHIFRONÉSIA – Era, né. Mas não sei o que aconteceu que ele acabou engravidando.
(LEDESMA DORME NUM CANTO)
AMANDA – Só gostaria de saber por onde a criança vai nascer... (VAI CHERETANDO, AO VER QUE A CRIANÇA ESTÁ SAINDO PELO ÂNUS DE CORNÉLIO) Ah, meu deus.
CORNÉLIO – Ai, ta nasceno.
CHIFRONÉSIO – Pega a criança, ledesma (A MULHER VÊ LEDESMA DURMINDO E FICA BRAVA)
AMANDA – Deixa eu pego a criança.
(CORNÉLIO GRITA E A CRIANÇA NASCE. NO AUDIO O SOM DE UM PEIDO ENSURDECEDOR. A CRIANÇA SAI DE DENTRO DELE COM UMA ROLHA DE GARRAFA DE CHAMPANHE QUANDO É ABERTA. COMO UMA BOLINHA DE BORRACHA, BATE NA PAREDE QUICANDO DE UM LADO PARA O OUTRO E CAI NO COLO DE LEDESMA, QUE ACORDA. TODOS TAMPAM O NARIZ DEVIDO AO ODOR. O BEBER É VERDE, TEM OS DENTES PODRES, BARBICHA E DUAS ANTENAZINHAS DE MARCIANO)
AMANDA – (CAI DURA) Minha nossa senhora do perpetuo socorro, o que é isso? Deus que me perdoe, mas isso não é uma criança, é um ET.
BABY – (ENGATINHA PARA CHIFRONÉSIA) Eu quero mamaaaaa.
CHIFRONÉSIA – (TRAZ BABY PARA O OUTRO LADO DO PALCO) Meu filinho querido do coração da mamãe, ai que gutegute.
AMANDA – Não faz isso, chifronésia que não foi cortado.. (O CORDÃO UMBILICAL ESTÁ ESTICADO E TEM MAIS OU MENOS TRES METROS DE COMPRIMENTO. AMANDA VAI FALANDO E PONDO A MÃO NELE)... um-bi-li-cal (DESMAIA)
CORNÉLIO – Corta o “imbigo”, chifrô... (CHIFRONÉSIA PEGA DA MALA UMA TESOURA DE JARDINEIRO E O CORTA) Ô porqueira do pai...
BABY – Que Tetê...
CORNÉLIO – (TIRA SEU SUTIÃ. UM ENORME PEITO FLACIDO CAI NA BOCA DO FILHO) O pai tem bastante leite.
(MENINO MAMA BASTANTE. APÓS A REFEIÇÃO SOLTA UM ENORME ARROTO. BLACK-OUT)
CENA 7
(CLUBE DE CAMPO; Á BEIRA DA PISCINA. NATÁLIA ESTA SENTADA NUMA CADEIRA, DE BIQUINE E COM UM RAIBÃ PREDENDO O CABELO. Lê UMA REVISTA. ESTÁ ESPERANDO FELIPE CHEGAR. SEU OLHAR POSSUI UM BRILHO ENORME. SEM QUE ELA PERCEBA, FELIPE APARECE TRAJANDO UMA SUNGA, E FICA OBSERVANDO-A, ATÉ TOMA CORAGEM E SE POR NA FRENTE DELA)
NATÁLIA – (ABRAÇANDO-O SORRIDENTE) Felipe meu amor...
FELIPE – (SE SOLTA DELA; FRIO) Não me abrace, Natália.
NATÁLIA – (ESTRANHANDO) Por quê?
FELIPE – Eu preciso te dizer uma coisa muito importante...
NATÁLIA – Fala.
FELIPE – (MEIO EMBARAÇADO) Eu quero termina com você.
NATÁLIA – Mas a gente nem começou direito... E por quê?
FELIPE – (PROCURA UMA RESPOSTA) Por que... Por que... Porque eu não sinto mais nada por você. Estou apaixonado por outra menina...
NATÁLIA – Bem, se você que assim... (MENTE) Ainda mais agora que eu estava saindo com o... (NÃO ENCONTRA O NOME) Com o... Com o... Com o...
FELIPE – Com o...?
NATÁLIA – Ninguém. Eu to saindo com o ninguém.
FELIPE – Tenta me entender, Natália. Você é bonita, legal, inteligente, mas não serve pra mim...
NATÁLIA – Tudo bem, Felipe... e fique sabendo que tem mais de mil homens querendo me namorar. Pena que eu ainda não os encontrei! (CHORA E ABRAÇA FELIPE) Por que você fez isso comigo, em?
FELIPE – Não chora Natália. Não chora se não eu choro também... (ASSUA O NARIZ NO OMBRO DELA)
NATÁLIA – Não consigo compreender. A gente tava tão bem! Lembra quando a gente se beijou pela primeira vez? A emoção que você sentiu foi tanto que até cagou na causa, lembra?
FELIPE – Natália... Eu... Eu... Jogo água fora da bacia...
NATÁLIA – O quê?
FELIPE – Jogo em outro time.
NATÁLIA – Não sabia que você jogava num time... que interessante. É time do que? Futebol, vôlei, basquete?
FELIPE – Não é nada disso, Natália...
NATÁLIA – Então o que é?
FELIPE – (RAPIDO) Eu sou gay... é isso, pronto, falei! (MAS DE VAGAR) Eu sou gay! Sou mona! Gosto de da ré no quiabo, sentar no pepino...
NATÁLIA – (CHOCADA, AGE COMO QUEM RESCEBEU UMA PAULADA NA CABEÇA) O que?
FELIPE – É isso mesmo, Natália. Você não faz idéia do que estou passando agora. Você seria a ultima pessoa do mundo que eu queria magoa. Eu pensei que fosse me sentir melhor com você, mas não consegui... Queria que me perdoasse!
NATÁLIA – Perdoa! Eu não tenho nada que te perdoa. A escolha é sua...
FELIPE – Então vai um convite... à noite eu trabalho numa boate gay, e meu nome artístico é Odete furacão..(SOLTA A FRANGA) menina tem cada bofe lá. Cruzes!!!! Aqueles músculos sarados. Ah, loouca. (VOLTA A SI) Desculpa por não ser o macho que você gostaria que eu fosse. Eu te iludi! Desculpa. (ESTENDE A MÃO) Amigas, então?
NATÁLIA – (ABRAÇA-O) Amigas! Você é sensacional!
FELIPE – Você também.
(AMBOS CHORAM. FELIPE VAI SAINDO LENTAMENTE E ELA FICA SENTADA, CHORANDO EM SILÊNCIO. ENTRAM LEDESMA E AMANDA CONDUZINDO BABY, QUE TEM NO PESCOÇO O CORDÃO UMBILICAL FEITO COLEIRA DE CACHORRO)
LEDESMA – (AO VER NATÁLIA) Olha a Natália ali, Amanda.
AMANDA – É mesmo... Nossa, ela ta com uma cara tão esquisita. O que será que aconteceu?
LEDESMA – (BOCEJANDO) Acho que brigou com o namorado.
(BABY ENGATINHA ATÉ NATÁLIA, QUE NÃO O VÊ)
AMANDA – Ué, cadê o baby? (PROCURA) Baby, baby. Onde esse menino se meteu meu deus?!
(BABY CUTUCA NATÁLIA E ELA AO VÊ-LO, GRITA ASSUSTADA. O MENINO COMEÇA A CHORAR)
AMANDA – (ENCONTRANDO-O) Ô Baby, você está aqui... (PARA NATÁLIA) Oi, Natália, não se assuste. Esse aqui é o baby, o filho do Cornélio com chifronésia. (PARA BABY, QUE SOLUÇA) Calma, Calma. Ai, meu deus, e a chifronésia que não aparece? E você Natália, o que está fazendo sozinha aqui?
NATÁLIA – Vim me encontrar com Felipe, mas... A gente terminou.
AMANDA – Mas, por quê? Vocês estavam tão bem!
NATÁLIA – Ele não curte mulher...
AMANDA – (TENTENDO ENTENDER) Peraí, você ta querendo me dizer que aquele deus grego, todo musculoso... Que aquele lindo... É gay?
NATÁLIA – Pois é.
AMANDA – (SUSPIRA) Ai, que desperdício! Como isso é possível?
NATÁLIA – Nem eu mesma sei. Mas não quero conversar sobre isso. Pretendo esquecer tudo... ledesma, você passa o bronzeador em mim?
(LEDESMA QUE ESTAVA DORMINDO, ACORDA E COMEÇA A PASSAR O BRONZEADOR NA MENINA. APARECE UM RAPAZ ALTO E ATLÉTICO E FICA OBSERVANDO NATÁLIA. AMANDA CAMINHA ATÉ ELE E COCHICHA ALGO EM SEU OUVIDO. ELE SORRI MALICIOSO. AMANDA TIRA O BRONZEADOR DAS MÃOS DE LEDESMA E ENTREGA ESTE AO RAPAZ, QUE IMEDIATAMENTE FAZ A TAREFA QUE LEDESMA ESTAVA FAZENDO, E COLOCA LEDESMA PERTO DE UMA CADEIRA. A GAROTA IMEDIATAMENTE “CAPOTA” POR CIMA DA CADEIRA E DORME)
AMANDA – Natália, você me desculpa, mas eu preciso ir embora. Tenho que levar o baby pra mamar. O Cornélio já deve ter chegado.
NATÁLIA – Mas não é a chifronésia a mão dele?
AMANDA – É, mas quem amamenta é o Cornélio. Tchau, amiga. A ledesma vai ficar aí te fazendo companhia...
(AMANDA SAI PUXANDO BABY PELO CORDÃO UMBILICAL.)
NATALIA -
ÉPILOGO
(LUZ SOBE EM RESISTÊNCIA. VEMOS FELIPE NO PONTO DE ÔNIBUS VESTIDO COMO ODETE FURACÃO. VESTIDO CURTO, MEIA-CALÇA, SALTO ALTO E UMA PERUCA LOIRA. LIXA AS UNHAS. ENTRA CORNÉLIO E AO VER AQUELE “PEIXÃO”, FICA BOQUIABERTO. O CAIPIRA CAMINHA ATÉ FELIPE E BELISCA SUA BUNDA)
FELIPE – (FALA COMO ODETE) Ai atrevido! (AO VER CORNÉLIO) Que horror! Meu senhor, já quanto tempo o senhor não escova os dentes, hein? O seu bafo está pior do que o bafo de dinossauro.
CORNÉLIO – Mai nunca. Isso aí é muié de esvazia o Pacaembú em dia de jogo de são Paulo e Corinthians, né?
FELIPE – Se o senhor continuar me enchendo o saco eu chamo o meu bofe e ele vai te quebrar a cara, ouviu, seu trash? Não to podendo, ouviu?
CORNÉLIO – Ouvi, mai num me importo. Pra ficá cocê largo inté a chifronésia e o baby que acabou de nascê.
FELIPE – E quem disse que a mona aqui vai ser louca o suficiente pra casar com o senhor.
CORNÉLIO – (AGARRA O RAPAZ) Ocê vai casá cumigo custa o que custá, muierão bão.
FELIPE – Me solta, seu caipira fedorento. Socorro... Polícia. Pára de me assuntar, seu oco trash.
CORNÉLIO – Vou-te levá pra casa!
FELIPE – (CONSEGUE SE SOLTAR) Mas antes preciso lhe esclarecer algumas coisas... Primeiro: meus cabelos não são da cor natural.
CORNÉLIO – Num faiz mar.
FELIPE – (PROCURA SEMPRE UMA DESCULPA PARA SE SAFAR) Eu fumo, fumo o tempo todo. Pareço uma Maria-fumaça: Piuí... tchuc, tchuc, tchuc, tchuc... (IMITA UMA MARIA-FUMAÇA) Piuí....
CORNÉLIO – Num me importo.
FELIPE – Eu tenho um bofe. Vivo há três anos com um Guitarrista de punk-rock.
(FAZ OS GESTOS DE QUEM TOCA GUITARRA E TIRA SONS DESCONEXOS DA BOCA)
CORNÉLIO – Num sô ciumento...
FELIPE – (FAZ UM DRAMALHÃO MEXICANO) Nunca poderei ter filhos...
CORNÉLIO – A gente adota uns par deles.
FELIPE – (PERDE A PACIÊNCIA) Ô anta, você não entende... (TIRA A PERUCA E ENGROSSA A VOZ) Eu sou homem...
CORNÉLIO – (PEGA FELIPE NO COLO E DIZ COM A MAIOR NATURALIDADE) Mai ninguém é perfeito...
FELIPE – (OLHA PARA A MÃO) Ai...
CORNÉLIO – O que foi, muié?
FELIPE – Quebrei minha unha!!!!
(CORNÉLIO SAI COM FELIPE NOS BRAÇOS, QUE ESPERNEIA. TODOS OS JOVENS INVADEM O PALCO E FAZEM A MESMA COREOGRAFIA DA CENA DA DANCETERIA NO PRÓLOGO. ATÉ CHIFRONÉSIA E BABY ENTRA NA DANÇA. ESTÃO FELIZES, Á EXCEÇÃO DE FELIPE, QUE FOI OBRIGADO A VIVAR COM CORNÉLIO ETERNAMENTE)
Fim...
Giz-no teatro
Frases de atores de teatro
" A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por
isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a
cortina se feche e a peça termine sem aplausos.
" para bem conhecer a naturaza dos povos, é necessario ser
príncipe, e para bem conhecer a dos príncipes, é necessario
pertencer ao povo.
" O teatro é o primeiro soro que o homem inventou para se
proteger da doença da angústia.
" A mente humana é um grande teatro. Seu lugar não é na platéia, mas no palco
brilhando na sua inteligência, alegrando-se com suas vitórias, aprendendo com as
suas derrotas e treinando para ser a cada dia, autor da sua história, líder se si
mesmo!